19 dezembro 2011

Limitações


Limitações.

Cresci ouvindo as histórias dos grandes viajantes.
Desbravadores corajosos que apostaram a própria vida na busca e descoberta de novas terras.
Suas conquistas ainda me fascinam. Inspiraram-me a me tornar o que sou, um amante das águas. Um incansável perseguidor do horizonte.

Em minhas andanças encontrei uma linda ilha.
Majestosa. Imponente.
Curvas sinuosas serpenteiam suas montanhas. No topo de uma delas há um tesouro guardado. Puro, intocável, resplandecente. É possível avistar seu brilho de longe.
Eu escuto sua voz além do barulho das águas me chamando. Me convidando para desvendar seus mistérios.

Mas não posso fazê-lo. Não me é permitido pisar em suas terras. Não me é lícito habita-la. Um raio de ação me foi estipulado e não posso ir além dele.

Não nego, desejo-a.
Quero fincar minha bandeira em seu solo. Possuí-la. Nomeá-la com o meu nome. Saborear os seus frutos. Repousar em suas sombras. Vislumbrar suas riquezas pelo lado de dentro.

Mas a regra é clara: não posso entrar.
Ironicamente, quem criou a norma foram os mesmos viajantes que tanto admiro.
Paradoxal: se eu atravessar a linha serei um renegado. Um traidor das tradições. Perderei a identidade de viajante. Mas, ao mesmo tempo, se eu atravessa-la serei o maior dos descobridores.

Em cima da linha da limitação, pondero: pode o certo ser contraditório?

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